Thomas Project 5 (91-104)

O processo crime n. 6.362/78.  «E as crianças que mamavam eram arrancadas de suas mães e espetadas com terçados»: etnografia do genocídio contra o povo Oro Win (Oro Towati) / The crime process n. 6.362 / 78. «And the children who suckled were torn from their mothers and stabbed with machetes»: ethnography of the genocide against the Oro Win people, pp. 91-104

António Guimarães Brito

DOI: https://doi.org/10.17375/1516utopiasthomasproject/2021/5/6

Abstract: This is an ethnographic method with field research in the Uru-eu-wau-wau Indigenous Reserve with the Oro Win or Oro Towati people, narrating the genocide they suffered in the 1960s, due to an extermination expedition by the rubber tapper Manoel Lucindo in the Seringal called São Luis. The article was written using process no. 6,362 / 78, in the region of Guajara-Mirim, Rondônia. In addition to the Genocide crime case cited in its full copy, a field survey was carried out among the Oro Win people, with many comings and goings in the 1990s. The cruelty of this genocide stands out in the case file and in the speech of those who passed through and knew the “Non-Indian” terrorism. The theme of Genocide and the ethnographic method is discussed. And by minors, the leaves of the process and the memory of the survivors are narrated. Dedicated to Tiumí Oro Win, “Salomão”, with his two women, Saí, murdered in the Cautário river with rosaries, tied to the pregnant tree to give birth, and Aicon, kidnapped by Manoel Lucindo and later killed by poison.

Key words: Genocide; Ethnography; Oro Win people; Criminal Proceeding no. 6.362 / 78.

Resumo: Trata-se de método etnográfico com pesquisa de campo na Reserva Indígena Uru-eu-wau-wau junto ao povo Oro Win ou Oro Towati, narrando o genocídio que sofreram na década de 1960, por uma expedição de extermínio a mando do seringalista Manoel Lucindo no Seringal chamado São Luis. O artigo foi escrito utilizando como fonte principal cópia do processo n. 6.362/78, transitado na comarca de Guajara-Mirim, Rondônia. Além do processo crime de Genocídio citado, foi realizada pesquisa de campo entre o povo Oro Win, com muitas idas e vindas na década de 1990. A crueldade deste genocídio se destaca nos autos do processo e na fala dos que passaram e conheceram o terrorismo do “Não Índio”. Discute-se o tema do Genocídio e do método etnográfico. E se narra as folhas do processo e a memória dos sobreviventes. Dedicado a Tiumí Oro Win, “Salomão”, com suas duas mulheres, Saí, assassinada no rio Cautário com terçados, amarrada na árvore grávida para dar a luz, e Aicon, seqüestrada por Manoel Lucindo e posteriormente morta envenenada.

Palavras-Chaves: Genocídio; Etnografia; Povo Oro Win; Processo Criminal n. 6.362 / 78.

 

Bio: António Guimarães Brito é Prof. Dr. na Universidade Federal do Rio Grande (Brasil)